sangue-gangue-frescor-amor

te entreguei
tudo que habitava dentro de mim
e você silenciou cada detalhe
que me permiti te mostrar
eu, portas e sentimentos abri
com minhas próprias mãos sujas
de sangue-gangue-frescor-amor
me entreguei sem escudo
prometendo a nós não fugir
fugir de ti
não era uma opção,
uma perdição.

sangue.
gritei silenciosamente dentro de mim
não iria resistir
enquanto em teus braços
cai
queda livre
me vendo refletir
nas gotas escorrem
e borram o escuro dos meus olhos
na tua blusa mais clara
e em perfeito contraste
assim como
o teu tanto faz, que eu ignoraste
e o meu amor, desastre

gangue.
juntei
todas que habitam aqui
lutei com minhas armas
contra dor
procurei em ti amor
espaço pro meu sentir
te guardei aqui dentro
mas no teu peito não tinha espaço
para todas aquelas que preenchem o meu existir
suplico
tu vai algum sentimento nos garantir?
ou vai nos levar no conveniente a ti
até nossa pele por completo tu despir
e tu ver cada uma de mim no mais
íntimo
desespero
(des)existir.

frescor.
exaltei
com clamor
a todos os ventos que me rodeavam
o quão doída eu me sentia
o quão desesperada eu me via
o quão – mesmo sem saída – eu corria
na esperança desses ventos
secarem as lágrimas que você
como um super poder
tão longe conseguiu trazer
no meu interno
misto de tristeza e decepção
a lembrança do teu calor
se confundindo com rancor
em lugar em que eu já não era
nem sua terceira opção
e meu sentimento por mais gélido, entra em erupção.

amor.
respirei
tomando conta do anseio
me tirando desse pensamento
não me vi sozinha
abraçando o meu sentimento
de braços dados com minha dor
senti o pulsar do meu interior
sussurrando em morse
aquilo que me forma é o que me faz perceber
cada sangue-gangue-frescor-amor
que derramei por ti
eu iria reconhecer
a tristeza ressignificar
tu se misturar ao esquecer
eu encontrar o meu resplandecer
o meu recomeçar
reconstruir
re(amar)


por Joice Fagundes dos Santos – acadêmica de Letras, nível II

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